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DESTAK, terça-feira, 13 de Janeiro de 2014

VC Futsal veio ao encontro de um experiente jogador, tem 28 anos, 1,75 de altura e joga a universal, falamos de Bruno Gonçalves Cardoso, apenas “Cardoso” no futsal.

VC – Obrigado Bruno por esta oportunidade que nos concedeste para fazermos esta entrevista e pergunto-te para iniciarmos, em que altura da tua vida descobres que os teus pés chutavam melhor uma bola, do que as pedras da rua?

BC – Antes de mais quero agradecer à VC Futsal o convite. É sempre uma honra e motivo de orgulho dar a conhecer um pouco mais sobre mim. Respondendo à questão, sinceramente não sei se chuto melhor a bola ou as pedras da rua! Jogar à bola foi algo que apareceu desde muito cedo como qualquer miúdo da minha geração. Lembro-me na escola primária de passar os recreios a jogar e aí sim a falta da bola era muitas vezes compensada com pedras ou latas. As tardes eram passadas no campo do bairro, porque na altura só havia aulas de manhã. Hoje o ensino está diferente e os miúdos passam demasiado tempo na escola e nem tempo têm para brincar.

VC – Conta-nos onde fizeste a tua formação e que influência tiveram os teus treinadores no amadurecimento do Bruno Cardoso?

BC – Comecei a jogar com 6 anos na cooperativa do bairro onde cresci, chamada Tempo Novo, mas só com 10 anos é que comecei a jogar como federado no ABCD Brandoa. Coincidência, o meu primeiro jogo como federado foi contra os Leões de Porto Salvo, no antigo ringue onde agora está o pavilhão. Aqui fiz os escalões de infantis e iniciados e comecei a representar as seleções distritais. Aos 15 anos ingresso no Sporting onde faço os escalões de juvenis e juniores. Todos os treinadores acabaram por me marcar de alguma forma, começando pelo primeiro no Tempo Novo, Rui Bolas, que depois me levou também a iniciar o desporto federado, passando pelo Pedro Barreiro que no ABCD que me convocava sempre ao escalão seguinte onde me possibilitava evoluir com os mais velhos, continuando no Paulo Moutinho, Rodrigo Moreira e Luís Brito que me ensinaram o gosto pelo treino e pelos títulos conquistados. Terminando no Davide Sousa que no último ano de júnior (o ano pré-sénior) me deu dicas sobre pormenores importantíssimos e que ainda hoje continuam a fazer a diferença no meu estilo de jogo

VC – E os teus familiares, sentiste o apoio deles às tuas escolhas?

BC – Ainda hoje o meu primeiro treinador pede desculpa à minha mãe por me ter pegado a doença da bola! Mas felizmente os meus pais sempre me apoiaram e acompanharam desde que os estudos não ficassem para trás. Como senior é a namorada que mais sofre porque o futsal acaba por me consumir muito tempo. Ainda assim, está sempre comigo e vê todos os jogos em casa. Foi das pessoas que mais força deu quando estive 18 meses sem jogar devido a lesão e que não deixou quando pensei em deixar de jogar.

VC – Aos teus 18 anos és jogador do Sporting, pensas que estiveste cedo demais num dito “grande” do futsal português? 

BC – Estava no meu último ano de formação e sabia da importância desse ano para o meu futuro no futsal. Apesar de não pertencer ao plantel sénior, era muitas vezes chamado a fazer treinos e alguns jogos. Tinha 4 anos de casa, era capitão de equipa e, sinceramente, já não sentia o peso da camisola mas sim responsabilidade e um grande orgulho. No final, optei por seguir a vida académica, pois ia entrar na faculdade, e acabei por não ficar nos seniores.

VC – Depois do Sporting, vêm quatro épocas no Sassoeiros, que projeto foi este à altura e pergunto-te se foram anos de crescimento para ti?

BC – O tempo no “Sassu” foi de tremendo crescimento para mim a todos os níveis. O Sassoeiros é um clube com grande história no futsal e na altura era uma equipa firmada na 1ª divisão. Como jogador foi a oportunidade de jogar como sénior logo ao mais alto nível, contra os melhores jogadores e treinadores. Tive a sorte de jogar ao lado de grandes jogadores como Pedro Caetano, Tico, Bruno Almeida, Luís Vilar, Francisco Bordalo que me ajudaram muito a evoluir como jogador, e de encontrar um treinador que acreditou e apostou em mim, o mister Lobão, sem esquecer dos seus adjuntos Filipe Eanes e Luís Brito. Cresci também muito como Homem pois tive de conciliar treinos com faculdade, saber gerir sucessos desportivos e académicos com insucessos, responsabilidades e tempo para a família. Acabei por escolher o clube certo, com pessoas genuínas (não só jogadores e treinadores) que me ajudaram a ser o que sou hoje. Felizmente os tempos menos bons do grande Sassu já lá vão e o clube está novamente no bom caminho. 

VC – E o Vila Verde antes de ingressares nos Leões de Porto Salvo?

BC – O Vila Verde não foi um ano fácil. Depois de sair do Sassoeiros, o objetivo era continuar na 1ª divisão e o Vila foi quem mostrou mais interesse. Sabia que em termos desportivos ia ser uma época difícil mas também tinha aprendido no Sassu que o ganhar nem sempre é o mais importante. Houve muita instabilidade no plantel, com entradas e saídas ao longo de toda a época, a estrutura do clube era algo frágil, eu estava a terminar os estudos e também não consegui ter o melhor rendimento, acabou por ser uma época complicada. Ainda assim, foi um ano de aprendizagens e onde guardo boas recordações.

VC – Há 5 épocas nos Leões de Porto Salvo e com a braçadeira de capitão no braço, consideras-te um símbolo da equipa?

BC – Não, de todo! Os Leões têm 45 anos de existência, têm história na modalidade, uma grande formação, é um clube estruturado, muito organizado e tudo isto por culpa do trabalho de muita gente ao longo de todos estes anos, não só no futsal mas em todas as outras modalidades e atividades que o clube oferece e desenvolve. Agora também reconheço que sou bastante acarinhado pela família do Porto Salvo pela minha forma de ser e estar. Mas nunca um símbolo quando há tanta gente que já fez e continua a fazer tanto pelo clube. 

VC – Bruno que fazes tu na tua vida para além do futsal?

BC – Para além do futsal sou professor de Educação Física. Neste momento leciono ao 1ºciclo. Paralelamente desenvolvo um projeto de inserção social, através do futsal, com miúdos de etnia cigana, sou adjunto numa equipa júnior e professor num ginásio. 

VC – Se fosses o responsável de um clube sem limitações de orçamento, que jogadores contratarias para a tua equipa no futsal nacional e no futsal além fronteiras?

BC – Contratava o Carlo, Hélder, António, Ruizinho, Diogo, Rúben, Xavi, Cláudio, Tuca, David, Dura, Paulo Fonseca, Tunha, Fábio Armando e Zé Maria.

VC- Pensas um dia quando te retirares enveredares pela carreira de treinador?

BC – Ser treinador é tão difícil… Claro que é algo que nunca posso excluir, até porque faz parte da minha formação académica, mas acho pouco provável. Vejo-me como treinador de formação porque o mais importante é o processo de evolução do atleta (ou pelo menos deveria ser) e dá-me mais prazer, enquanto seniores só importa o resultado e o trabalho realizado, pessoalmente, acaba por ser menos gratificante. 

VC – Para terminarmos Bruno, desafio-te a contar-nos uma história “curiosa” dos vários anos que já levas de prática desportiva e também que nos deixes os teus votos para o ano que agora se iniciou.

BC – Em 2008, no Mundial Universitário na Eslovénia, o André Sousa (guarda-redes do Sporting) queria cortar o cabelo. Alguns jogadores fizeram-no acreditar que o Amilcar (Braga) tinha iniciado um curso de barbeiro, que não tinha terminado, mas que lhe conseguia fazer um bom corte de cabelo. E lá foram, o André sentadinho na cadeira a ler o seu jornal, o Amilcar a cortar muito direitinho, sempre na medida certa e o resto da equipa a esperar pela tesourada propositada que deixou a careca do puto à mostra e obrigou-o a cortar à máquina zero! Acabámos por ser campeões do mundo e o André o melhor guarda-redes do torneio.

Quero agradecer novamente à VC Futsal o convite, enaltecendo a excelente iniciativa de promoção da modalidade, e desejar a todos os apaixonados do futsal um magnifico 2015, em especial a toda a família dos Leões de Porto Salvo.


VC – Muito Obrigado.

Paulo Rosa editor VC Futsal

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