

DESTAK INTERNACIONAL, sexta-feira, 3 de Abril de 2015
DESTAK INTERNACIONAL, veio ao Chipre, concretamente à cidade de Larnaca, principal cidade do distrito, situada na costa sudeste da ilha de Chipre e com uma população de cerca de 85 mil habitantes. Foi nesta cidade que viemos encontrar Hugo José dos Santos Martins, mais conhecido por "Ramada". Tem 28 anos, 1,76 m. de altura e 72 Kg de peso. Nasceu no Porto, joga na posição de universal e representa neste momento o Anorthosis Famagusta do Chipre que milita na 1ª divisão cipriota.
VC – Ramada, desde já agradecemos a tua disponibilidade para esta entrevista e vamos começar por te perguntar como nasceu essa tua alcunha?
Ramada – Quando eu tinha 7 anos, os meus pais tinham uma taverna no bairro da Fonte da Moura, que se chamava Ramadinha. No inicio a minha alcunha começou por ser Ramadinha. Quando cheguei mais ou menos aos meus 15 anos, desapareceu o diminuitivo e passaram a chamar-me de Ramada.
VC – Com que idade começaste a jogar futsal ?
Ramada - Comecei a jogar futsal com 7 anos, no Desportivo Operário da Fonte da Moura, que era o bairro onde morava. Joguei até aos 15 anos, foi o primeiro clube de bairro a ganhar o titulo de campeão nacional de juvenis. Depois rumei ao Boavista F.C., desde os 15 anos até aos 21 anos, que na altura era a melhor escola de futsal do país.
VC – Como reagiram os teus pais a esse teu gosto pela bola desde “tenra idade”?
Ramada - Felizmente que os meus pais desde miúdo, sempre me apoiaram a praticar desporto,era o que mais gostava de fazer. Futsal, foi a modalidade que optei desde muito novo. Sempre gostei, não sei como surgiu. Creio que todos os miúdos têm esse instinto da bola dentro deles e eu não era diferente. Acordava às 8 horas da manhã para jogar à bola no bairro.
VC – Quais os clubes onde jogaste e em que épocas ?
Ramada – Comecei no Fonte da Moura desde 1994 até 2001, Boavista de 2001 até 2007, Modicus de Sandim 2007/2008, Alpendorada 2008/2009, Fundação Jorge Antunes 2009/2010, Rio Ave 2010/2011, Balticflora (Rep Checa), Raba Eto (Hungria) 2011/2012, Raba ETO 2012/2013, Nikars (Letónia) 2013/2014 e Anorthosis Famagusta em 2014/2015.
VC – Como surgiu o convite de ires para o Chipre jogar e qual o nível de futsal nesse país comparado com o que se pratica em Portugal ?
Ramada - O meu actual treinador desde que eu estava no Raba ETO, que me tentava trazer para o Chipre. Quando saí da Letónia, ele voltou a fazer-me uma proposta, agradou-me e aceitei. O futsal do Chipre está longe do português. Em Portugal o futsal já existe há muitos anos, no Chipre só há 10 anos creio, já está melhor, mas ainda estão numa fase de crescimento, têm muito que mudar e melhorar para chegar a outros patamares.
VC – Segundo se fala ou se escreve, a segurança dos jogadores após os jogos tem sido muitas vezes ameaçada. Podes contar-nos exatamente o que se passa ?
Ramada - Nos grandes jogos aqui no Chipre, tem pouco policiamento para a quantidade de adeptos que vêm ver o jogo, por norma são adeptos difíceis, completamente fanáticos, por isso é normal que haja confusão em todos os jogos. Deveria haver mais policias para garantir a segurança dos jogadores, coisa que não há. Já houve vários acidentes, em que os jogadores saíram lesados dos jogos. Desde que estou cá, só esta semana foi um bocado assustador, em que os adeptos da outra equipa queriam entrar no nosso balneário para nos agredir e tiveram que ser os nossos diretores e os diretores da outra equipa a segurar os adeptos, porque nem um policia havia para garantir a nossa segurança.
VC – Quais são os teus objetivos no futsal ?
Ramada - Neste momento, estou focado na equipa que represento e portanto os meus objectivos são ganhar títulos no Chipre, todos eles, quer seja este ano ou no próximo. Esta época o primeiro objectivo já foi cumprido, que era ficar nos primeiros 4, agora o objectivo passa por ganhar a taça do Chipre em que estamos nas meias finais.
VC – Pensas algum dia voltar a Portugal para jogar?
Ramada - Para já não penso em voltar para Portugal. Estou bem aqui, sinto-me bem e felizmente sou bem tratado, que é o mais importante. Desejo e espero ficar mais anos aqui.
VC – Como foi a tua adaptação a esse País, fala-nos do clima e alimentação?
Ramada - Foi uma adaptação que decorreu normalmente. É um País muito parecido com Portugal, mas com temperaturas mais elevadas. De início custou habituar-me ao verão daqui, mas com o tempo tudo ficou bem. A comida aqui é boa também e muito parecida com a portuguesa. Nós comenos em 2 restaurantes referenciados pelo clube.
VC – Como comunicas com os teus colegas ou já aprendeste a
língua ?
Ramada - A língua daqui é muito complicada para aprender e falar, mas todos falam inglês e como é uma língua que domino bem, não tenho problemas em comunicar com os meus colegas. Aprendi algumas palavras, sei algumas coisas mas, para o ano terei aulas para tentar aprender, vai ser muito complicado.
VC – O clube tem outros jogadores estrangeiros na equipa de futsal ?
Ramada – Eu vivo no mesmo apartamento com o Néné, que é um jogador brasileiro. Sou o único português nesta equipa, mas também temos um Moldavo.
VC – Não sentes saudades de Portugal e da família?
Ramada - Claro que sinto saudades todos os dias penso na minha família e nos meus amigos, mas foi a profissão que escolhi, sabendo que teria que optar por algumas coisas muito importantes para seguir a minha carreira.
VC – Já representaste a nossa seleção nacional?
Ramada – Já representei a nossa seleção 5 vezes. A primeira vez foi nos sub-18, fui chamado para um jogar um torneio em Lisboa para defrontar a Itália e Andorra. Foi uma sensação única, um grande orgulho ter representado o meu país e vestir a camisola das Quinas.
VC – Que conselho deixarias aos jovens que se estão neste momento a iniciar no Futsal ?
Ramada – Aconselho a lutarem pelos seus sonhos e se os querem realizar devem trabalhar com ambição, não esquecendo nunca de respeitar os outros.
VC – Para terminar deixa uma mensagem para todos os leitores e “amantes” do futsal.
Ramada - A todos os que me apoiaram ao longo destes anos, um muito obrigado, sem dúvida uma força extra que me motiva todos os dias. Para os amantes do futsal, desejo que continuem a apoiar o futsal porque é um desporto fantástico e todos queremos que cresça ainda mais.
José Augusto Garcia editor da VC Futsal com o apoio da LizSport

