

DESTAK INTERNACIONAL, sexta-feira, 30 de Janeiro de 2015
VC FUTSAL rumou a Itália, até à belíssima cidade de Roma à procura do nosso entrevistado, nasceu em São Paulo, no Brasil há 34 anos, joga na posição de pivot, preferencialmente com o... seu pé canhoto e tem uma forte propensão ofensiva, trata-se de Paulo José Pinto Júnior, conhecido no futsal como “Paulinho”.
VC – Muito obrigado por nos receberes e pergunto-te como foi a infância e adolescência do “Paulinho”?
PJ - Obrigado a vocês pelo convite, para fazer esta entrevista. A minha infância foi tranquila em Santos, litoral de São Paulo. Felizmente venho de uma família de classe media, onde os meus pais me proporcionaram o melhor para mim e à minha irmã. Nunca me faltou nada, pelo contrário, tive tudo o que sempre quis. Na adolescência a mesma coisa, fui crescendo tendo tudo, mas principalmente os meus pais deram-me valores e uma grande educação. Com tudo isso nunca deixei de gostar do desporto e o futsal esteve sempre na minha vida, sendo sempre a minha prioridade.
VC – Nasceste em Santos, cidade com boas oportunidades, como se deu o contato do Paulinho com o mundo do desporto?
PJ - Nasci em Santos, uma cidade que incentiva muito a prática do desporto. Comecei aos 5 anos na escolinha do meu colégio. Estava a destacar-me e aos 8 anos fui federado no meu primeiro clube, e dali nunca mais parei.
VC – Haverá muitos Portugueses que não te conhecerão, por onde jogaste futsal no Brasil, antes de rumares à Europa?
PJ - Falando já profissionalmente, joguei no Santos F.C., passei pela Osan, Aracariguama, Luis Antonio e meu último clube no Brasil foi o São Paulo F.C.
VC – Em 2005 mudas o rumo da tua vida, com um oceano a separar os dois continentes, encurtas essa distância e decides dar rumo à tua carreira na terra dos nossos vizinhos espanhóis, em que circunstâncias de deu esta mudança?
PJ - Estava bem no Brasil, mas sempre sonhei em jogar na Espanha, que para mim naquele momento, era a melhor liga do mundo. O Grello, que hoje esta no ElPozo estava comigo no São Paulo e foi contratado pelo Fisiomedia Manacor, na metade da temporada 2004/05. Quando acabou essa temporada, o clube queria dar um passo à frente e contratar mais brasileiros. O Grello intermediou tudo e foi fácil chegar a um acordo com eles e iniciar essa grande mudança na minha vida.
VC – Fala-nos das épocas que viveste em Espanha e dos clubes que representaste na Liga de Futbol de Sala?
PJ - Cheguei ao Fisiomedia Manacor na temporada 2005/06, com um contrato de 3 anos. Mas logo na minha primeira temporada, com as coisas a correrem bem, mudamos o contrato e renovei até 2010. Depois houve outra renovação e joguei ali 7 temporadas. Foi quase tudo maravilhoso, cresci junto com o clube. Cheguei para um clube de segunda divisão, que brigava para não cair e fui embora deixando o clube estabilizado na primeira. Estava totalmente adaptado à cultura, cidade, idioma. O meu filho praticamente cresceu ali e fomos muito felizes por vários anos. Uma pena o último ano e meio devido aos problemas económicos do clube, acabei por ir embora pela porta dos fundos. Deviam-me muito dinheiro, não entramos em acordo e a coisa foi parar na justiça. Fizeram coisas feias comigo e com a minha família e infelizmente tudo o que de bonito vivi ali ficou para trás. Mas temos que se conformar com isso, e espero um dia receber tudo o que me devem, mas até hoje recebo muito carinho por parte de toda a torcida, e procuro sempre ir ali visitar os amigos que fiz, amo aquela cidade e posso dizer tranquilamente que ali é a nossa segunda casa. Só não falo com duas ou três pessoas do clube, mas mesmo assim desejo o melhor para eles e que possam continuar a crescer, apesar de tudo isso, passei muitos momentos maravilhosos que levarei para sempre no meu coração.
Já no ElPozo foi tudo ao contrário, um clube grande, com uma história linda por trás e com pessoas maravilhosas a trabalhar para manter sempre o clube entre os melhores do mundo. Logo no meu primeiro mês ganhamos a Supercopa e depois ainda chegamos a mais três finais, nas quais perdemos todas com o Barcelona. Jogar ali ao lado de grandes jogadores foi a realização de um sonho e apesar de pessoalmente ter um ano de altos e baixos, fui imensamente feliz e grato por esta oportunidade. Todos os anos visito Múrcia, o clube, os amigos e não tem como não se apaixonar pela cidade e clube. Foi apenas um ano, mas muito intenso e inesquecível.
VC – Penso que é em 2012 que te mudas para novos ares, desta feita para Itália, sentias que querias experimentar outras ligas na Europa?
PJ - Quando acabou meu contrato no ElPozo apareceram muitas ofertas, mas principalmente da Itália. Tinha o passaporte italiano e já vinha recebendo ofertas daqui há muitos anos. Achei que era a hora de vir, não pensei muito e decidi dar este passo.
VC – O que pensas da organização da liga italiana de futsal?
PJ - A liga em si é muito boa e competitiva. Em termos de organização vai crescendo a cada ano. Gosto muito da liga aqui, tem grandes clubes e jogadores de altíssima qualidade que podem jogar em qualquer lugar do mundo. O nível técnico aqui é excelente.
VC – Que diferenças encontras em relação à liga espanhola ? Qual das ligas é mais “profissional”, no relacionamento com os jogadores?
PJ - Na Espanha é muito mais profissional. O que passou comigo no Fisiomedia Manacor, está na justiça porque os contratos são profissionais e se não cumprem temos onde reclamar. A única coisa que não consigo entender aqui, é que apesar de serem os atuais campeões europeus, a seriedade de alguns clubes é nula. Não sei de quem é a culpa, mas teríamos que ter um contrato profissional, porque somos trabalhadores como outro qualquer. Aqui quase nenhum clube tem contratos profissionais e o jogador não tem garantia nenhuma que vai receber tudo o que prometeram. No meu primeiro ano, já tive uma má experiência, perdi outra vez muito dinheiro e não temos onde ir buscar os nossos direitos. Senti-me usado, enganado e tratado como se fosse um brinquedo onde fizeram o que quiseram comigo. Ou se aceita o que eles querem ou te mandam de volta a casa. Só ver como começou o meu clube o ano passado e como acabou, não preciso dizer mais nada.
VC – Tiveste ao longo da tua carreira alguma internacionalização pelas selecções brasileiras?
PJ - Nao, nenhuma.
VC – Já tens uma longa carreira, com quem mais gostaste tu de treinar e que jogador ou jogadores são ainda hoje as tuas referências?
PJ - Tive grandes treinadores mas se tiver que dizer um só, seria o Pato. Trabalhei 7 anos com ele e aprendi demais. É só ver os resultados que vai tendo ao longo dos anos. O Duda também sabe muito, é um vencedor e foi um privilégio ter trabalhado com ele.
De jogadores é dificil falar, o maior de todos com quem joguei foi o Kike. Não me canso de dizer, que como profissional a melhor coisa que me aconteceu na carreira foi jogar ao lado dele. Logo outros jogadores que me marcaram muito, foram o Gréllo que é como um irmão, Miguelin um grande amigo, o Wilde, Rafa (guarda-redes). Aí esta o meu quinteto: Rafa, Kike, Gréllo, Miguelin e Wilde. Como referência sem a menor dúvida os irmãos Lenisio e Vinicius. e destaco também o Falcão, que dispensa comentários.
VC – Nunca jogaste em Portugal, mas tens com certeza algum conhecimento, que pensas do futsal português e que jogadores conheces de Portugal?
PJ - Confesso que sou fã do futsal português e acompanho bastante. Cheguei a estar perto de ir, mas nunca chegou a concretizar-se, foram só sondagens, mas teria sido um grande prazer para mim. É uma liga que cresce muito, a cada ano é como aqui na Itália, tem jogadores de muita qualidade. Ricardinho para mim hoje é o melhor jogador do Mundo. Gosto também muito do Cardinal, conheço o Arnaldo, Joel, Gonçalo, e todos da selecção, vejo os vídeos dos golos, e um ou outro jogo ao vivo.
VC – Para terminar quero deixar-te votos de um grande ano de 2015, que tenhas muito sucesso pessoal e profissional.
PJ- Muito obrigado mais uma vez pelo convite. Fico feliz em conceder esta entrevista e assim muitos portugueses podem conhecer-me um pouco melhor. Parabéns pelo grande trabalho e um feliz 2015 a todos!
Paulo Rosa editor VC FUTSAL

