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DESTAK, terça-feira, 12 de Maio de 2015

 

DESTAK veio a Odivelas, ao encontro de Cláudio Dierick Lumbu, ou apenas Lumbu no futsal, nasceu em Angola, mas naturalizou-se português desde tenra idade, tem 29 anos, 1,70 m. e 75 Kg de peso e representa na presente época, o SL Olivais.

 

VC- Agradeço-te desde já a amabilidade de nos teres recebido e pergunto-te onde e quando deste os teus primeiros pontapés na bola?

 

Lumbu – Eu é que agradeço a oportunidade, sinto-me muito grato, quanto à pergunta os meus primeiros toques na bola foram no Pombais, um clube do bairro da Arroja, onde morava. Quanto à idade, tinha os meus 11 anos, mas fazia-o sempre às escondidas, falava que ia para a explicadora, mas ia treinar e nos fins de semana, falava que ia para a rua, mas ia aos jogos, saía já equipado com as caneleiras de casa, sem ninguém dar conta, pois o meu pai não era muito fã de futebol, ele queria que eu tivesse uma boa formação académica, que penso que é o que qualquer pai quer para um filho. Hoje sou pai e dou-lhe toda a razão.

 

VC - Depois dos primeiros passos que são sempre marcantes por onde fizeste a tua formação de futsal e em que condições?

 

Lumbu - A minha formação dividiu-se entre dois clubes, os Pombais e o Sporting, tendo havido no meio uma tentativa de jogar futebol de 11 no Odivelas, no CAC da Pontinha e no Belenenses, mas o futsal acabou por falar mas alto.
Quanto às condições, o Pombais era um clube de bairro, treinávamos num ringue e tínhamos de adquirir os nossos próprios equipamentos para treinar. Tínhamos um treinador que nos ajudava imenso, o Pedro Catalim, tinha uma loja de desporto e facultou-nos as coisas ao nível dos equipamento de jogo e claro que também não posso esquecer os pais de alguns colegas, que foram muito prestáveis em tudo, era um clube humilde, pobre, mas muito acolhedor.
Foi até por essa razão que a primeira vez que o Sporting me convidou, eu não aceitei, porque não queria sair daquela família, onde tinha os meus amigos e por ter uma grande equipa e eu convenci-me poderíamos fazer frente à poderosa equipa do Sporting.
Queríamos levar o nome do nosso clube de bairro ao “top” e acho que conseguimos, até porque, por ser uma época tão boa, fui chamado à seleção nacional de sub-18, pela primeira vez, sem ser ao serviço de um clube grande, mas sim de um clube de bairro. Foi muito, muito bom, senti-me o “rei” do bairro, mas claro, isso só aconteceu graças a todos os meus colegas de equipa.

 

VC – Como se deu a transição para o Sporting Clube de Portugal?

 

Lumbu - Aos 14/15 anos fui representar o Sporting, na minha opinião a melhor formação de futsal. Encontrei um mundo que não tinha nada a ver com outro, ali tínhamos os nossos equipamentos e sapatilhas, não tínhamos gastos nenhuns. Só pelo facto de andar com fato de treino do Sporting, as pessoas olhavam-nos de outra maneira e claro que eu me sentia vaidoso. A adaptação foi fácil, até porque já conhecia alguns jogadores.

 

VC – Fala-nos agora dos treinadores que tiveste neste percurso de formação no Sporting.

 

Lumbu – O primeiro treinador que tive lá marcou-me, era o Gomes, uma pessoa muito rigorosa, mas a representar um clube daqueles, só tinha que ser assim. Nos juniores, o treinador era o Paulo Moutinho, que me mostrou que futsal tem de se jogar com inteligência e não com arrogância, até porque eu tinha muito mau feitio e por fim o David Sousa, que me fez ver que o futsal não se joga sozinho e me fez tornar um homem.

 

VC – Chegas a sénior, conta-nos por onde desenvolveste o teu futsal, até chegares à equipa do SL Olivais?

 

Lumbu - Quando cheguei a sénior tive um convite através do mister Ricardo Lobão, para ir representar o Sassoeiros, claro que fiquei muito contente, porque iria jogar na 1ª divisão e também iria jogar com os melhores, mas as coisas não correram tão bem como eu esperava, a transição de junior para sénior foi complicada, porque nos juniores jogamos bastante tempo e ali não e às vezes perguntamo-nos a nós mesmo, porque é que não jogo? 
Até aos dias de hoje, há muitos jovens que representam Sporting, Benfica, que têm esse pensamento, que quando saiem de lá, têm que ir logo para a 1ª divisão e têm que jogar, mas é um pensamento errado, sem esforço e sem dedicação e sem humildade, não se chega a lado nenhum. No meu caso, não tive paciência para esperar e preferi sair em Dezembro, entretanto emigrei para a Suiça, em busca de uma vida melhor e consegui, trabalhava e jogava futebol de 11 nos Lusitanos de Samedan, durante dois anos, mas as saudades fizeram com que eu voltasse a Portugal e retomei o futsal. Falei com uns amigos para jogar no Moinho da Juventude que fica na Cova da Moura, mas por azar o clube acabou, nunca vi um clube com tanto talento. O Loures comprou os direitos desportivos do Moinho e aí fui eu para o Loures, em 2005/2006, e foi a melhor coisa que me aconteceu, ter o prazer de voltar a jogar outra vez futsal. Aquilo não era um mero grupo, mas sim uma família, se bem me recordo estávamos na 3ª nacional e subimos para a 2ª divisão, estive lá 3 épocas, na última foi quando o Loures subiu à 1ª divisão. 
Depois em 2012/13, fui para o AMSAC um clube com algum historial na 1ª divisão, mas no ano que eu fui para lá militava na 2ª divisão, apostou para a subida mas não se realizou, mas de certa forma para mim, foi o ano de afirmação, as coisas estavam a correr lindamente tanto a nível individual, como coletivo.
Na época de 2013/14, fui representar o Operário dos Açores, foi a 1ª vez que senti, o que é ser profissional desta modalidade, era tudo novo, treinos bi-diários, tudo o que eu queria.
Em 2014/15, cá estou eu no grande clube lendário de Lisboa. os Olivais, que já era um namoro antigo, já me vinham a convidar há uns 2 anos, mas eu comprometia-me sempre antes com os outros clubes e não sou de voltar com a palavra atrás, mas este ano houve o tal casamento.

 

VC – Desenvolves alguma atividade em paralelo com o futsal ou só praticas a modalidade?

 

Lumbu – Sim desenvolvo uma atividade paralela com o futsal, trabalho na "EPI" - ESCOLA PROFISSIONAL DE IMAGEM, e desempenho as funções de rececionista e vigilante.

 

VC - O que pensas das possibilidades da nossa seleção no europeu do próximo ano ?

 

Lumbu - A nossa seleção já teve grandes possibilidades de ganhar uma competição destas e ja ficou provado até porque está entre as melhores seleções do mundo e este ano não nos podemos limitar só pelo quase, é uma missão complicada, mas não é impossível até porque temos o melhor jogador do mundo entre nós e o outros que la estão, também têm muita, mas muita qualidade.

 

VC - Quais os objetivos pessoais e do Olivais para o resto da época?

 

Lumbu - Um dos objetivos é ficarmos nos 4 primeiros lugares, não está ainda definido, mas só depende de nós e tudo iremos fazer para se concretizar este desfecho e quanto aos play-off, queremos claramente ir às meias-finais.
Ao nível pessoal, quero ajudar naquilo que puder, para cumprirmos os objetivos que temos traçados e sempre que for chamado intervir nas melhores condições para não desiludir os meus colegas e o mister.

 

VC – Quem é o Lumbu fora do futsal?

 

Lumbu - Bem eu fora do futsal, nos meus tempos livres, não me livro dos pavilhões porque o meu filho também joga futsal, sempre que posso estou lá e tirando isso estou com a família, amigos.

 

VC – Uma mensagem aos jovens praticantes e aos leitores do nosso projeto.

 

Lumbu - Aos jovem que não desistam dos sonhos, lutem pelos vossos objetivos, com humildade e dedicação, cada um tem a sua hora. A força mental é mas forte que a fisica. Quanto à VC Futsal, muito obrigado por este momento, são pessoas como vós que fazem esta modalidade ir mas longe e dão a conhecer um pouco de nós, do mundo do futsal, não só nacional, mas também internacional.

 

 

Paulo Rosa editor VC Futsal

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