

DESTAK INTERNACIONAL, sexta-feira, 5 de Dezembro de 2014
VC Futsal veio hoje ao maior país da Ásia Central, que inclui uma parte de território pertencente à Europa, com um clima continental, verões quentes e Invernos frios, eis que viemos na rota do Cazaquistão. Perguntarão então os nossos leitores quem procuraremos nós por estas paragens? Pois o nosso entrevistado é brasileiro, tem 30 anos, joga a ala preferencialmente com o pé esquerdo e chama-se Divanei Alexandre Menino, conhecido no futsal por “Divanei”.
VC – Antes de mais, é um enorme prazer para nós teres concedido esta oportunidade de te entrevistarmos e começo por ter perguntar se quem nasce em “Cardeal” da Silva, nasce predestinado a ser um homem de fé?
DM - Antes de mais nada obrigado pela oportunidade e desde já, dar os parabéns pelo excelente trabalho, que vocês vêm desenvolvendo no desporto. Bom, Cardeal não é cidade, é sim um bairro que pertence à cidade de Elias Fausto. Pouco mais de 6 mil habitantes, eu vivo em cardeal com minha família há 30 anos e nasci em Indaiatuba, cidade que fica a 10 km da minha. Acho que não é só a fé que vai levar-te ao sucesso, temos que se dedicar e amar aquilo que fazemos.
VC – Vieste para Portugal em 2005, como foi o teu percurso no Brasil até ao dia em que decides comprar a “passagem” para o velho continente?
DM - Bom eu estava no meu último ano de júnior e estava decido a parar de jogar pois não tinha oportunidades no adulto, pois no brasil é muito difícil devido ao número de jogadores com grande qualidade e potencial. E foi na fase decisiva do campeonato jogando pela equipa do Clube São João de Jundiaí, que recebi a proposta de ir para Portugal fazer um teste, e ai não pensei duas vezes e arrumei minhas malas e fui, e com isso deixei minha equipa nos play-off e fui em busca de um sonho.
VC- Jogaste 4 anos na Fundação Jorge Antunes, que expetativas trazias e consideras que foram 4 anos para consolidar o “Divanei” que todos conhecemos?
DM - Logo que cheguei na fundação fui muito bem recebido, pela diretoria, comissão, directores, jogadores e principalmente pelo presidente José Antunes, cresci muito dentro da Fundação, não só como jogador, mais principalmente como homem, e hoje agradeço muito por esse grande clube. Meu primeiro ano foi mais para me adaptar ao futsal português e logo no segundo já comecei a me soltar mais e a evoluir a cada treino, a cada jogo e também fui muito feliz pelo treinador que tive, que me ensinou muita coisa. Por isso agradeço muito ao Paulo Tavares pela confiança.
VC – Chegas ao Sporting e penso que é um sonho que qualquer jogador alimenta, jogar num clube que permita jogar para outros objetivos e em outras competições, que diferenças encontraste?
DM - Claro que a primeira diferença foi a estrutura que o clube oferecia, e depois trabalhar com um grupo recheado de grande jogadores, é o sonho de qualquer jogador, ainda mais jogando num grande clube como o Sporting.
VC – Na época de 2011/2012, assinas pelo CSKA de Moscovo, conta-nos como foi a época vivida na terra dos “czars”?
DM - Logo que cheguei não foi tao feliz assim, pois sai do sporting lesionado do púbis e logo no primeiro mês na Rússia, tive uma rotura na coxa que me deixou afastado por um bom tempo. Em outro ponto de vista, foi uma passagem muito boa, pois estava num campeonato muito forte e com grandes equipas, e isso me ajudou a ganhar mais experiência, claro que adaptação não foi fácil devido à língua e ao frio. Era um clube que tinha tudo para crescer, mas infelizmente isso não aconteceu, e a equipa acabou logo no primeiro ano que investiu.
VC – Com nove épocas jogadas em Portugal, como descreves o evoluir do futsal em Portugal e como o comparas com o futsal brasileiro, russo ou cazaquistanês?
DM - Bem acho que o futsal português não evoluiu muito devido à crise, tem grandes jogadores mas são poucas equipas que tem condições de pagar. Logo que cheguei a Portugal tinha entre 7 a 8 equipas muito fortes e hoje se tiver quatro é muito. Não é por não terem jogadores, mas sim por não terem condições de manter uma equipa competitiva. Na Rússia todas as equipas são fortes, claro que uma e outra de destacam pois tem muito dinheiro e conseguem contratar os melhores, e aqui no Cazaquistão o nível é muito fraco, e esse ano só tem 6 equipas, e só o Tulpar é o grande rival que consegue fazer frente ao Kairat. O bom daqui é que temos a chance de chegar à final four da uefa e à Copa Eremenko, que é um grande torneio com grandes equipas da Rússia e da República Checa.
VC – Dez títulos oficiais no teu palmarés, 4 campeonatos de Portugal, 3 supertaças de Portugal, 2 taças de Portugal e 1 taça de Honra da AF Lisboa ainda tens lugar na “prateleira das recordações” para mais conquistas?
DM - Jogadores vivem de títulos, e agora aumentou um pouco mais logo que cheguei aqui no Kairat, com o título da Supertaça do Cazaquistão e com o título do Mundial de Clubes, agora espero para completar o álbum o título que me falta e que escapou quando estava no Sporting que é a Taça Uefa.
VC – Este ano estás a jogar no Kairat, que objetivos tem o clube e quais as tuas ambições pessoais?
DM - Bom o principal objectivo do clube é a Uefa e a Eremenko, esse ano já ganhamos o Mundial, o título que eles tanto queriam, pois o campeonato local, taça e a supertaça sabem que vão ganhar pois não tem equipa que bata de frente com o Kairat. Pode até acontecer perder como já aconteceu, mas é muito difícil e espero que assim continue.
VC – Diz-nos que referências tens no Futsal ao nível de outros colegas de profissão e que treinadores mais te marcaram?
DM - Para mim sem duvida o treinador que me marcou foi o Paulo Tavares e o Nuno dias, são excelentes treinadores e principalmente grandes "Homens". Agora a nível de colegas de profissão tenho uma lista enorme, todos os jogadores que trabalhei sempre foram excelentes profissionais e principalmente grandes amigos.
VC – Muito obrigado, desejamos-te muitos sucessos profissionais e pessoais e para terminarmos pergunto-te se passa pela tua cabeça voltares a Portugal para jogares ao mais alto nível e que mensagem deixarias aos Portugueses?
DM - Bom acho que no momento está um pouco complicado, pois já estou pensando em terminar minha carreira e voltar para o Brasil, pois nesse momento tenho uma filha e ela precisa muito de mim, preciso estar perto dela. Claro que um dia sonho em encerrar minha carreira no Sporting ou quem sabe na Fundaçao Jorge Antunes. Obrigado pela oportunidade e um grande abraço.
Paulo Rosa editor VC Futsal

