

DESTAK INTERNACIONAL, sexta-feira, 24 de Abril de 2015
Viemos até à cidade invicta, mais propriamente à zona da Boavista, procurar um dos mais experientes jogadores portugueses no ativo, nasceu no Porto, tem 34 anos, 1,65 m. e 60 Kg de peso, joga a universal e deixou recentemente a equipa italiana do Minturno, equipa que encerrou a prática da modalidade, falamos pois de Paulo Roberto Silva Faria, ou apenas Paulo Faria no futsal.
VC – Paulo, queremos desde já agradecer-te por teres aceite este convite para fazermos a entrevista e pergunto-te como foram os teus anos de formação no futsal?
PF - Com os meus doze anos, iniciei-me no centro social de Francos, ainda como infantil, no ano seguinte, com idade de iniciado fui campeão nacional de juvenis. Joguei mais um ano de iniciado e mudei-me para o Carvalhosa, como juvenil, mas a meio da época comecei a treinar com os juvenis do Miramar, a convite do diretor da altura, o senhor Francisco, mas aos fins- de-semana jogava pelo Carvalhosa.
No ano a seguir, estávamos na época de 1996/97, comecei a jogar nos juvenis do Miramar, até aos seniores, onde graças a Deus e ao excelente trabalho que era desenvolvido no clube, fui campeão nacional em todos os anos, acabando com o titulo de campeão nacional da 1ª divisão, na época de 1999/00, tendo como companheiros, o meu ídolo de sempre, o João Leite, André Lima, Ivan, Miguel Mota, Sérgio Júnior, e Côco que nesse ano subiu comigo, orientados pelo mister Jorge Ferreira .
VC – Paulo, sei que tens uma extensa carreira, penso que poderemos dizer assim, mas impõe-se nesta altura fazer uma interrupção para te perguntar o que sente um jogador ao ver desaparecer do panorama nacional um clube com tanta história como foi o Miramar?
PF – O Miramar é a minha equipa no Futsal, foi onde me formei e aprendi com os melhores de sempre, daí que senti e ainda sinto uma enorme tristeza em ver um clube onde eu me fiz jogador e homem desaparecer, era uma equipa onde toda o jovem da minha idade queria jogar, mas só muito poucos tiveram essa possibilidade.
VC – Atingiste a idade de sénior no Miramar, onde desenvolveste a tua carreira nos anos que se seguiram?
PF - Na época seguinte, fui emprestado ao Mocidade d’Arrábida, na altura satélite do Miramar, onde acabamos em 3º lugar, muito perto da subida, e onde permaneci mais uma época e felizmente conseguimos a subida à 1ª divisão.
No ano seguinte, volto ao Miramar, onde joguei com o agora melhor do mundo, Ricardo Braga. Depois da subida à 1ª divisão pelo Mocidade, o treinador David Gonçalves viu-me a jogar num torneio de verão, e como não gostou da situação, acabei por ser dispensado. Soube então, que a equipa do Miramar, estava com muitas saídas de jogadores, com André Lima a sair para o Benfica, o Ivan e o Miguel Mota de saída para o Freixieiro e o João Leite e Côco para a Fundação J. Antunes, liguei ao presidente, e o saudoso José Manuel Leite, nesse mesmo dia, mandou-me ir treinar e falar com o mister Raúl e mister Zego, coordenador da altura. Foi nessa época que joguei com o meu " bebé " hoje o melhor do mundo.
Depois da saída do Miramar, assinei pelo Rio Ave, que disputava a 2ª divisão, mas um mal-entendido, que felizmente já foi resolvido há muito tempo, com o mister Paulo Morim, acabou com a minha saída em Dezembro, para o A.C. Carvalhido, da distrital do Porto, que era treinado pelo Raúl Castro. Na época seguinte, acompanho o mister Raúl para o já desaparecido Coimbrões, na altura da 2ª divisão, mas novamente em Dezembro dessa época, saio para o CA Mogadouro, da 3ª divisão na altura.
Na época seguinte, volto ao Porto para entrar num projeto que me pareceu muito confiável e que resultou da fusão do ARCA, com a Casa do Futebol Clube Porto de Famalicão, na altura a disputarem a 2ª divisão. Saio em Março, porque já não havia possibilidade de subir de divisão, nem descer e a direção, optou quanto a mim mal, por dispensar-me dado alegarem que não tinham dinheiro para me pagar até final da época.
Na época seguinte volto ao Mocidade d’Arrábida da 2ª divisão, treinado pelo mister Gabriel Silva (primeiro) e depois com Luís Alves, onde estávamos a fazer um época extraordinária, mas mais uma vez, volto a sair em Dezembro para a formação do Modicus que disputava a 1ª divisão, que era treinado pelos misteres Raúl Castro e Luís Almeida.
VC – Segundo sei é depois de jogares no Modicus que partes para uma “aventura” fora do país?
PF – Sim é isso mesmo, saio do país em 2007, rumo à Roménia com o intuito de voltar a ser profissional desta modalidade fantástica, a convite do mister Artur Melo juntamente com o Paulo Ferreira, Nuninho e o Helinho e onde permaneço duas épocas. Fiquei em 3º lugar nas duas épocas atrás de 2 seleções europeias, o Cip Deva – equipa composta por jogadores da seleção romena e o Odorhei - composta por jogadores da seleção da Hungria e venço nas duas épocas, a taça romena.
VC – O que te levou a sair da Roménia e rumares novamente ao nosso país?
PF – Saí do City us Targu Mures por motivos familiares, na altura, a minha filha mais velha ia entrar na escola. Hoje posso dizer que foi o maior erro futebolístico que cometi, pois logo no primeiro ano que chegamos, que se falava na naturalização. Hoje sinto que após estes anos, se me mantivesse na Roménia teria ganho alguma competição a nível de seleções.
Volto para Portugal para jogar na 1ª divisão no Mogadouro, mas mais uma vez, volto a sair em Dezembro, porque não gostava de algumas atitudes de alguns jogadores brasileiros que tínhamos na altura e saio para o Rio Ave que estava na 2ª divisão, na altura e acabamos por subir à 1ª divisão nesse ano.
VC – Desculpa interromper, mas impõe-se uma pergunta nesta altura, na tua opinião o que te levou a conhecer tantos projetos e tantos clubes, para além do real valor que tens e que todos reconhecem?
PF - Em muitos casos fui contratado em Dezembro, no entanto no caso do ARCA e do Viseu 2001, as minhas saídas deveram-se a motivos que para mim, não são justificáveis.
VC – Falaste do Viseu 2001, presumo que tenhas tinha também uma passagem por esse projecto?
PF – Exato, fui para o Viseu 2001, com o objetivo de subir, pois tínhamos na minha opinião, o melhor plantel da 2ª divisão, mas mais uma vez, o elo mais fraco fui eu e acabo por sair do Viseu em Dezembro, com a justificação que me foi dada pelo presidente, de que o treinador Rui Almeida não tinha motivação para trabalhar comigo. Depois assino pelo Bom Pastor, também da 2ª divisão, onde acabo a temporada, isto na ápoca de 2010/11.
Na epoca 2011/12, faço uma pequena paragem “nos relvados de madeira” para jogar futebol de 11, na equipa do Ramaldense, clube da minha freguesia, mas por pouco tempo, pois em Dezembro, o mister Canavarro foi buscar-me para representar o ACR Vale Cambra.
VC – Paulo e então a saída para Itália, onde jogaste até há bem pouco tempo?
PF - Volto para fora do país, na época passada, para Itália, a convite do meu amigo Tiago mais conhecido por “Pirata” e irmão do também futsalista Côco, em Dezembro de 2013. Saí nessa altura do Azeméis, da distrital de Aveiro, onde estava a jogar.
VC – Antes de aprofundar este último ano que passaste em Itália, pergunto-te, depois de tantos anos e tantas experiências e tantos clubes, quem foram as pessoas mais importantes neste percurso?
PF - Graças a Deus, tive pessoas muitos importantes, começando pelo saudoso José Manuel Leite, o mister Luís Miguel, que foi o primeiro a acreditar em mim, num clube onde todos os jovens da minha idade queriam jogar, o mister Jorge Ferreira por ser o técnico do título da primeira divisão, sem esquecer Raúl Castro, Luís Almeida e Paulo Tavares.
VC – Paulo tiveste este último ano em Itália, no A.S.D. Minturno, no entanto, mais um percalço a que foste alheio, deixou-te sem clube nesta altura, fala-nos disso?
PF - Pelo que li, nos sites italianos, o presidente do clube, dizia que não tinha ajuda de nenhum diretor. Quanto aos jogadores, treinador e diretores, disseram-me que o presidente quis acabar com a equipa por vontade própria.
VC – Depois de Portugal, Roménia e Itália, que comparação fazes entre os três estilos de futsal?
PF - Em termos de comparações, o futsal português é muito mais técnico e tático, embora na Roménia houvesse três ou quatro equipas muito bem trabalhadas e com jogadores fantásticos. Em Itália, a divisão onde eu estava e que acabei por vencer, era a C2 e onde fui preponderante na final da Copa Lazio com 3 golos, o que felizmente já me trouxe alguns convites para a próxima época.
A divisão C1, essa sim já é uma divisão onde se vê muitas equipas bem trabalhadas.
VC – Conta-nos uma história engraçada da tua vida no futsal?
PF - Graças a Deus tenho muitas, mas uma delas estávamos eu e o Paulo Ferreira no centro de estágio da seleção romena, para disputarmos a final da taça, e quando saio do quarto, para meu espanto, estava a sair do quarto da frente o guarda-redes do Craiova, que mais me pareceu um segurança, voltei a entrar no meu quarto e comentei com o Paulo Ferreira que os nossos adversários estavam mesmo nos quartos em frente.
VC – Obrigado Paulo, foi um prazer ter conduzido esta entrevista e desafio-te a deixares uma palavras finais.
PF - Em primeiro lugar quero agradecer pela entrevista e depois dizer que para falar de futsal teria de estar aqui um dia inteiro, mas resumindo numa palavra o futsal: “Paixão”.
Paulo Rosa editor VC Futsal

