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DESTAK, terça-feira, 26 de Maio de 2015

 

Temos hoje o prazer de entrevistar um ilustre convidado, nascido a 31 de Agosto de 1968, em Vila Nova de Gaia, foi desde muito jovem, praticante de várias modalidades, enriqueceu a sua vida com atividades que passaram desde comentador desportivo , treinador, formador, gestor desportivo, mas em todas as atividades houve um denominador comum, a sua paixão pelo futsal, falamos de Pedro Dias, atual diretor para a área do Futsal e Futebol de Praia na Federação Portuguesa de Futebol.

 

VC – Queremos desde já agradecer-lhe a oportunidade concedida para esta entrevista, e perguntava-lhe que apelo sentiu ainda em tenra idade, para iniciar a prática desportiva e tendo o Pedro praticado modalidades como basketball, andebol, futebol de 11, o porquê do gosto pelo Futsal?

 

Pedro Dias - O bairro onde nasci e cresci, tem um clube desportivo (Futebol Clube de Gaia), que nos anos setenta já tinha instalações próprias (pavilhão desportivo). O clube tinha a porta aberta à comunidade, a maioria das crianças do bairro encontrava no clube uma oferta de prática desportiva muito interessante, passávamos várias horas a praticar desporto ou assistir a treinos e jogos.
O meu primeiro contacto com o Futsal (futebol de salão na altura) surge por volta de 84/85, jogava futebol, os meus pais eram proprietários do café do Bairro do Gaia (Montanha), o torneio de futebol de salão organizado pelo FC Gaia, nos meses de Junho e Julho tinha uma dimensão muito interessante, o meu pai todos os anos organizava/patrocinava uma equipa do café Montanha, para participar nesse torneio, eu cresci com a ilusão de um dia poder participar no torneio e representar a equipa do café Montanha, e assim foi o meu primeiro contacto com o Futsal. Posteriormente, em 1988, ingressei na Universidade da Beira Interior (UBI), e encontrei uma forte tradição da modalidade na UBI, tinha um torneio intercursos que enchia pavilhões, no meu ano de caloiro participei na equipa do meu curso e assim começou o meu percurso no Futsal universitário, onde tive a privilégio de participar na conquista de vários títulos nacionais, e de representar a selecção nacional universitária no Mundial de 1992.

 

VC – Sei que conquistou alguns títulos importantes durante a sua carreira de praticante, sem sermos muito exaustivos, gostaria que me falasse um pouco dessas conquistas.

 

Pedro Dias - O meu percurso no Futsal universitário, começa com a participação no torneio intercursos, fui seleccionado para representar a selecção da UBI, desde então (1989), tive a privilégio de participar na conquista de vários títulos nacionais, e de representar a selecção nacional universitária no Mundial de 1992. Foi um período interessante, iniciei a minha participação no associativismo na comissão instaladora da Federação Académica do Desporto Universitário (FADU) e em simultâneo, integrei as equipas da UBI de Futebol e Futsal que participavam nos Campeonatos Nacionais Universitários. Foram vivências marcantes, oportunidades enriquecedoras e a criação de laços fortíssimos de amizade que perduram para a vida.

 

VC – Em que circunstâncias se deu a aparição da voz do “Pedro Dias” aos microfones da RTP ?

 

Pedro Dias - O responsável foi o João Rocha, conhecemo-nos por ocasião da organização do Mundial Universitário de 1998 na Universidade do Minho, ele representou a FPF no comité organizador desse mundial. Posteriormente, a convite dele, colaborei com a FPF na organização de várias organizações internacionais de Futsal que ocorreram em Portugal: qualificação para o Mundial de 2000 em Paços de Ferreira, Qualificação para o Europeu de 1999 na Figueira da Foz, entre outros eventos. A TV surge nesse momento, a indicação do meu nome numa lista de potenciais “comentadores” surge por essa via.

 

VC – Tem formação ao nível do treino de futsal, pergunto-lhe se chegou a exercer as competências adquiridas junto de alguma equipa de futsal? E o que pensa da evolução atual dos treinadores e a relação desse salto qualitativo com as exigências de formação contínua atuais, que são transversais a muitas profissões e em particular a esta.

 

Pedro Dias - Exerci a função de treinador durante uma época desportiva, no ano de arranque da Liga Universitária de Futsal, foi uma experiência muito positiva, que não voltei a repetir por opção.
A formação de treinadores em Portugal teve início em 2000. É um processo relativamente recente, que tem proporcionado o acesso a formação de qualidade aos interessados em realizar uma carreira de treinador de Futsal. A recente alteração do estado, na estrutura do processo formativo dos treinadores em Portugal, introduziu nesse processo formativo um acréscimo significativo da carga horária, entre outros aspectos, facto que irá funcionar como um processo natural de selecção dos candidatos a treinador, atendendo que a realidade actual do desporto amador em Portugal, não tem uma oferta de carreira de treinador em contexto profissional, a exemplo do que sucede no futebol (actividade profissional), salvo raríssimas excepções, os treinadores de Futsal acumulam o treino num clube desportivo com uma actividade profissional principal.

 

VC – Formador, coordenador de cursos para treinadores, gestor desportivo, fale-me um pouco desta faceta de partilhar com o “próximo”, os conhecimentos que tem vindo a adquirir e pergunto-lhe ainda se considera haver muito por descobrir nas áreas da metodologia do treino.

 

Pedro Dias - Como referi anteriormente, o treino foi uma experiência muito curta, não sou especialista nessa área.

 

VC – Tem experiência de gestão desportiva a nível nacional e internacional, nomeadamente por ter integrado diversos comités organizadores de eventos importantíssimos de futsal e não só. Considera terem sido estas experiências, as grandes bases para estar na posição que ocupa hoje?

 

Pedro Dias - A minha actividade profissional, desde 1995, esteve sempre ligada à gestão desportiva, de 1995 a 1998 na UBI como assessor do Reitor para o Desporto Universitário e desde 1998 até ao presente, como quadro técnico superior no departamento desportivo e cultural dos Serviços de Acção Social da Universidade do Minho. Paralelamente, tive oportunidades excepcionais, fui membro de várias comissões e do comité executivo da Federação Internacional do Desporto Universitário (FISU) entre 1997 e 2011, e integro o painel de delegados de Futsal da UEFA desde 2003. Estas vivências proporcionaram-me acesso a um “mundo” de oportunidades para desenvolvimento de competências específicas, que têm sido muito importantes na minha carreira profissional.

 

VC – Com tantas valências que adquiriu ao longo da sua vida, qual considera ser o “papel” que melhor representou até hoje?

 

Pedro Dias - Estou seguro que o papel de “apaixonado” pelo desporto é onde me sinto mais confortável. Faço uma referência particular ao primeiro evento que tive a responsabilidade de coordenar/organizar, salvo erro em 1991: a fase final do Campeonato Nacional Universitário de Futsal, que decorreu na Covilhã. Foi o meu “baptismo” na organização de um evento desportivo a nível nacional, participei na concepção do modelo do evento e participei no seu planeamento até à véspera do seu arranque. No dia que antecedeu o primeiro jogo, convidei/”obriguei” um amigo a assumir as rédeas da organização, o Adolfo Vidal aceitou o meu desafio por amizade e com grande responsabilidade, facto que me permitiu integrar a selecção da UBI, jogar a competição durante uma semana e ajudar na conquista do título nacional. Este evento está registado nas primeiras gavetas do meu baú de memórias.

 

VC – O que pensa do estado atual do futsal português, numa altura, em que a crise transversal a toda a economia, afeta naturalmente também esta atividade. E o que está a FPF a fazer no sentido de introduzir fatores que permitam alavancar a modalidade?

 

Pedro Dias - O momento complicado que o nosso país atravessa tem, naturalmente, repercussão em todos os sectores da nossa sociedade, o desporto e Futsal em particular, não são imunes a esse facto.
A chegada da equipa liderada por Fernando Gomes à FPF, permitiu que fossem criadas bases para um crescimento sustentado da modalidade, além de, ter sido assumido pela actual direcção o compromisso de no espaço de 4 anos (até 2016), tornar o Futsal a modalidade colectiva de pavilhão mais praticada em Portugal. A criação de bases foi realizada de forma partilhada com os diversos parceiros implicados com o Futsal na família da FPF, consubstanciado num plano de desenvolvimento estratégico para o Futsal Português que está em implementação e tem permitido ao Futsal realizar um percurso, previamente discutido e validado pelos principais parceiros da modalidade. É muito importante ter um rumo, caso contrário, qualquer caminho serviria, e poderíamos não saber para onde caminhávamos. O compromisso da direcção no apoio ao desenvolvimento do futsal, revela um comprometimento do nível estratégico da organização, que é indispensável para o sucesso de qualquer actividade numa organização.
O aumento da oferta e a criação de oportunidades são aspectos que caracterizam o desenvolvimento em qualquer sector de actividade. Esse tem sido o registo da direcção liderada por Fernando Gomes no que diz respeito ao Futsal em particular, posso referir alguns factos (28 meses de exercício, 28 medidas):

 

1. Elaborado o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Futsal - PEN Futsal.

 

2. A FPF comparticipa na deslocação terreste de todos os clubes de Futsal que participam nas provas organizadas pela FPF;

 

3. A FPF Comparticipa nas deslocações de e para as regiões autónomas nas provas de Futsal não subsidiadas pelo estado (Campeonatos Nacionais, Taças Nacionais);

 

4. Foi criado um pacote de apoios aos clubes que participam no campeonato nacional sénior feminino de Futsal (arbitragem, seguro desportivo, organização de jogo, deslocações).

 

5. Foi criado um pacote de apoios financeiros na época 2013/2014, destinado aos clubes que participam nas provas nacionais: Campeonato Nacional da 1ª Divisão de Futsal, Taça de Portugal de Futsal, Supertaça de Futsal. Este pacote de apoios decorre da celebração de um contrato de patrocínio/naming para o Futsal, de médio longo termo.

 

6. Reformulados os quadros competitivos das Taças Nacionais de Futsal: Sénior feminino, Júnior A e Júnior B masculino.

 

7. Reformulados os quadros competitivos de Futsal Sénior masculino: 1ª Divisão, 2ª Divisão e 3ª Divisão (extinção na época 2013/14).

 

8. Criado o Campeonato Nacional Sénior Feminino de Futsal.

 

9. Criada a Taça de Portugal Feminina de Futsal.

 

10. Criada a Supertaça de Portugal Feminina de Futsal.

 

11. Criada a Taça Nacional Júnior A feminina.

 

12. Criado o Campeonato Nacional Júnior A/Sub 20.

 

13. Organizados 10 Torneios interassociações (2011/12 – Sub-21 masculino; 2012/13 - Sub-15 e Sub-20 masculino e Sénior Feminino; 2013/14 - Sub-16 e Sub-18 masculino e Sub-21 Feminino; 2014/15 - Sub-17 e Sub-19 masculino e Sub-20 Feminino.

 

14. Criada a Selecção Nacional de Futsal sub-21 masculina. Disputou 17 jogos internacionais entre Dezembro 2012 e Março de 2015.

 

15. Criada a Selecção Nacional de Futsal sub-20 masculina.

 

16. Criada a Selecção Nacional de Futsal sub-19 masculina (disputou 4 jogos internacionais em 14/15)

 

17. Criada a Selecção Nacional de Futsal sub-18 masculina.

 

18. Criada a Selecção Nacional de Futsal sub-17 masculina.

 

19. Criada a Selecção Nacional de Futsal sub-16 masculina.

 

20. Harmonizados os escalões etários (masculino e feminino), criados todos os escalões nas competições femininas de Futsal.

 

21. Reforço da equipa técnica nacional de Futsal com 3 elementos (passa de 2 para 5).

 

22. Celebrado protocolo de cooperação com o ministério da educação (ME), ao nível da qualificação técnica dos quadros envolvidos na formação de base no Futsal escolar e universitário, na formação dos jovens árbitros, na produção de documentação e da promoção, divulgação e organização de actividades desportivas, tendo como objectivo o aumento da prática desportiva, o sucesso educativo e o combate ao abandono escolar.

 

23. A Divisão do Desporto Escolar da Direção-Geral da Educação e a Federação Portuguesa de Futebol, em parceria, creditaram uma acção de formação contínua (25h) para professores, sob o tema Pressupostos Metodológicos na Aprendizagem do Jogo Futsal.

 

24. Criada a Academia de Arbitragem,

 

25. Criado o primeiro centro de treino piloto da FPF para árbitros de Futsal.

 

26. Introdução do Sistema de Comunicação Áudio (SCA) na categoria C1.

 

27. Realizadas sessões de esclarecimento com responsáveis de clubes (organizadas a norte e sul), promovidas pelo Conselho de arbitragem da FPF.

 

28. Implementado projecto-piloto com vista à dinamização de um programa regular de futsal nas escolas primárias: em Resende e Beja.

 

VC – Ficou naturalmente satisfeito como responsável e também como português com a qualificação para o Europeu de futsal, quais são as suas verdadeiras expetativas em relação ao mesmo? Até onde podemos chegar?

 

Pedro Dias - As nossas expectativas relativamente à Selecção Nacional A masculina e feminina, estão ao nível da performance desportiva que tem sido o registo destas selecções. A selecção masculina tem alcançado registos a nível europeu de final/meia-final. A selecção feminina tem estado no torneio mundial no mesmo patamar de resultados. Posto isto, parece-nos muito importante tentar melhorar estes registos, é com esse objectivo que trabalhamos.

 

VC – O sonho comanda a vida, sendo ainda bastante jovem, de que forma se vê em 2025? Tem aspirações além fronteiras?

 

Pedro Dias - Em 2025 gostava de constatar a evolução qualitativa e quantitativa do desporto nacional, consubstanciada num aumento muito significativo do número de praticantes desportivos. A FPF pela forte responsabilidade e reconhecimento social que tem na sociedade Portuguesa, pode dar um contributo decisivo para melhorar os índices de prática desportiva da população Portuguesa, é nesse papel que gostaria de estar em 2025, ter contribuído para essa realidade.

 

VC – Estamos a terminar, mas lanço-lhe o desafio que faço a quase todos os nossos entrevistados, que nos deixe umas palavras a quem nos acompanha através da nossa publicação online que já conta com 7800 seguidores na rede social facebook.

 

Pedro Dias - Reconhecimento e agradecimento por partilharem o gosto pelo desporto, e pelo apoio que prestam a esta modalidade empolgante, o Futsal.

 

 

Paulo Rosa editor VC Futsal

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