top of page

DESTAK INTERNACIONAL, sexta-feira, 8 de Maio de 2015

 

DESTAK INTERNACIONAL, veio de novo até Itália, para entrevistar mais uma jogadora feminina de futsal. Joana Maria Soares Azevedo, natural de Marco de Canavezes e a viver presentemente em State, Taranto (Itália). Tem 32 anos de idade, 1,70m de altura e pesa 63kg. É pivot no Italcave Real State, na série A femminile da Divisione Calcio A5.

 

VC – Joana, desde já o nosso muito obrigado por teres aceite fazer esta entrevista e com ela dar a conhecer um pouco da tua carreira desportiva no futsal. Gostaríamos de começar por perguntar-te se tens formação de futsal e com que idade começaste a praticar desporto ?

 

Joana – Em primeiro lugar quero dizer que não tive qualquer formação em futsal. Iniciei a prática desportiva no futebol de 11, na época 1999/2000, onde joguei durante 9 anos seguidos apesar de, em cada verão, participar sempre nos torneios de futsal. Foram precisamente esses torneios que me fizeram sentir o gosto pela modalidade. O meu interesse começou a crescer, os convites de clubes começaram a surgir para trocar de futebol de 11, para futsal e a curiosidade, o querer aprender mais, o querer evoluir na modalidade começou a tornar-se cada vez maior dentro de mim. Ao mesmo tempo, tinha o pensamento, de poder alcançar outras conquistas. Isto tudo, fez com que aos 24 anos, na época de 2007/2008, me decidisse pela troca e iniciar esta experiência, na equipa Aliados Futebol Clube de Lordelo.

 

VC – A próxima questão, é uma pergunta que não resisto à tentação de a fazer, pois muitos pais não reagem bem às meninas trocarem as bonecas por bolas. Como reagiram os teus?

 

Joana - No início não reagiram muito bem, lembro-me com os meu 9-10 anos já andava sempre no meio dos rapazes, a jogar e muitas vezes fugia à minha mãe para poder jogar, pois ela ao início não era de acordo com que eu jogasse pois dizia "o futebol é para homens" e queria que estivesse com meninas a ter brincadeiras de meninas e não de rapazes, pois assim eu era uma "Maria rapaz". Mas com a minha persistência e como viam que era mesmo a minha paixão, começaram a apoiar-me incondicionalmente e aquele tabu que o futebol é só para homens passou e até hoje apoiam em todas as minhas decisões e momentos no futsal.

 

VC – Quais os clubes que representaste e épocas ?

 

Joana - Em 2007-2008 Aliados de Lordelo, 2008-2009 Associação Cultural Desportiva Mindelo, 2009-2010 Associação Recreativa e Desportiva Vilamaiorense, 2010-2011 Associação Recreativa e Desportiva Vilamaiorense, 2010-2011 Villa Cesari Associação Cultural Desporto Cesar, 2011-2012 Associação cultural Desportiva Azagães, 2012-2013 Associação Rede Jovem Mogege, 2013-2014 Associação Rede Jovem Mogege, 2014-2015 Italcave Real Satte.

 

VC – Como se deu essa tua transferência para Itália ?

 

Joana - A hipótese não foi de agora. Já no ano transato, tinha surgido o convite de um treinador português, no sentido de representar o clube que ele treinou aqui em Itália. Devido a vários fatores acabou por não se concretizar, mas nunca pus de lado a hipótese de vir. No final da época passada, recebi alguns convites de equipas italianas. O facto de poder jogar fora do país, de concretizar o sonho de ser profissional, de poder experimentar um campeonato diferente e tentar alcançar conquistas fora de Portugal fez com que pusesse novamente a hipótese de vir para Itália. Como não conhecia nada acerca das pessoas e das equipas falei com a estrela Paulo sobre o meu desejo, uma vez que sabia que já tinha ajudado algumas jogadoras portuguesas na sua vinda. Encaminhou-me para aquele que é hoje o meu empresário, Vincenzo Portelli, em quem passei a confiar a minha carreira e que concretizou a minha vinda para o Real Statte. 
 

VC – Conta-nos como foi a tua adaptação ao futsal italiano, ao clube e quais as diferenças para o nosso futsal ?

 

Joana - A adaptação, ao início, não foi fácil, principalmente porque a forma de jogar é completamente diferente do que eu estava habituada. Eu vinha de uma equipa onde o rigor tático imperava e notei bastante diferença, porque se joga mais de forma individual, fruto também do facto da equipa ter excelentes jogadoras a nível técnico e do facto de se dar grande importância ao desempenho individual de cada uma. Com o tempo fui-me adaptando, fui ganhando rotinas com as minhas colegas e estou completamente adaptada ao estilo da equipa. Posso dizer que conseguimos vencer a copa de Itália, devido ao rigor e à muita entreajuda entre todas. De resto, realço que toda a estrutura do clube me apoiou e facilitou a integração, desde os diretores, à equipa técnica e às minhas colegas. Fora do clube a adaptação também foi fácil, apesar de se comer massa e pizza todos os dias. É um país muito belo e com pessoas muito simpáticas. A língua já percebo muito bem, mas ainda falo pouco, também porque tenho uma colega brasileira e outra argentina, o que faz com que diariamente continue a usar o português. Vivo num apartamento com mais três colegas. Uma italiana, uma brasileira e uma Argentina.

 

VC - Já representaste a nossa seleção Nacional ? Qual foi a sensação da primeira chamada?

 

Joana - Representei a Seleção Nacional de futebol 11, já há alguns anos. Depois vim para o futsal e em 2013 fiz parte das escolhidas para um estágio de preparação. É sempre motivo de grande orgulho usarmos a camisola das quinas, é o expoente máximo de qualquer atleta. Tenho desde sempre, como objetivo, ser internacional também em futsal. Espero que brevemente possa realizar esse sonho. Trabalho todos os dias para que possa ser uma opção válida para a equipa técnica nacional.

 

VC – Quais são os teus objetivos no futsal ?

 

Joana - Sou muito exigente e principalmente sonhadora. Depois de ganhar a copa agora, claro, adorava ganhar o campeonato neste caso, o Scudeto. Mas, sem dúvida, que o meu maior sonho seria representar Portugal. Poder vestir a camisola que todas as portuguesas que jogam futsal sonham vestir. Continuarei a trabalhar como sempre fiz, ajudando a equipa a ir o mais longe possível e tudo que vier por acréscimo será perfeito.

 

VC - Quais os objetivos da tua equipa para esta época?

 

Joana - Os objetivos desde o início da época foram sempre bem definidos, trabalhar treino a treino para que nos jogos pudéssemos dar a melhor resposta possível e chegar à vitória. Sendo assim, o primeiro objetivo foi alcançado com a conquista da copa Italia. O trabalho continua e será de vitória em vitória, que o resto do percurso se vai construindo tentando ir o mais longe possível na classificação no campeonato.

 

VC - Queres deixar uma mensagem para todas as jovens que se estão a iniciar agora no futsal e que conselhos darias para quem quer jogar fora do seu país ?

 

Joana - Sim, para todas as meninas que iniciam agora o seu percurso no futsal o melhor conselho que posso dar é que sejam persistentes, que nunca desistam por maior que pareça o obstáculo. Ser jogadora exige sacrifícios, por isso têm de lutar bastante e sobretudo trabalhar por aquilo que desejam. Para quem quer jogar fora do país, o conselho é que seja bem representadas, ou seja, que tenham um empresário à altura, tal como eu tive, Vincenzo Portelli. É fundamental ter ao lado, uma pessoa que domine todas as burocracias do país para onde vão e dessa forma estarem seguras do passo importante que estão a dar. Há muitos clubes que tentam contratar portuguesas através das redes sociais, mas isso pode ser um enorme problema, porque nem tudo é como dizem. Se não tiverem um bom empresário, devidamente certificado, podem ser enganadas.

 

VC - Queres deixar alguma mensagem para os leitores e amantes do futsal?

 

Joana - A mensagem que deixo é mesmo que continuem a lutar por esta modalidade que, ao longo dos anos, tanto tem evoluído. Que continuem a ajudar na sua evolução.

 

 

José augusto Garcia editor VC Futsal

bottom of page