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DESTAK, terça-feira, 19 de Maio de 2015

 

Viemos até à Burinhosa ( a aldeia do futsal ), para entrevistar um jogador nascido na Figueira da Foz e atualmente a residir na Burinhosa, distrito de Leiria. João Gonçalo da Silva Cardoso, tem 26 anos, altura 1,75 m e pesa 70 kg. Representa o Burinhosa, clube a disputar a Liga SportZone, joga na posição de fixo/ala. A sua paixão pelo futsal é enorme, com 15 anos de idade, já jogava em torneios de verão por equipas seniores e cedo despertou a “cobiça” de vários clubes.

 

VC – João Gonçalo, desde já o nosso muito obrigado por aceitares o convite para esta entrevista. Gostaria que nos contasses se foi no futsal que começaste a tua carreira desportiva.

 

J.Gonçalo – Eu é que agradeço à VC Futsal, por esta oportunidade de falar sobre o meu percurso no futsal e dar a conhecer um pouco de mim. Comecei por jogar futebol 7, nos infantis das escolas da Rosa Náutica (Quiaios - Figueira da Foz). Para além disso, joguei dois anos de futebol 11, nos iniciados de primeiro ano no Grupo Desportivo de Buarcos - Figueira da Foz e o outro na Naval 1º de Maio - Figueira da Foz.

 

VC – Porquê a mudança do futebol de onze, para o futsal e quais as diferenças que encontraste na altura?

 

J.Gonçalo - A saída do futebol 11 para o futsal, foi mesmo opção, jogava no desporto escolar e fascinava-me ter sempre a bola, ser tudo mais rápido e intenso, gostei e resolvi experimentar no G.R. Vilaverdense. Não foi fácil a adaptação, mas eu sou um lutador nato e depressa aprendi. Hoje quando entro para jogar, sinto um enorme prazer em participar, é um fascínio enorme por esta modalidade. As constantes movimentações, os diferentes esquemas praticados num só jogo, tudo isso se torna muito diferente do futebol de onze e por isso muito mais atrativo.

 

VC – Onde foi feita a tua formação em futsal e com que idade começaste a praticar a modalidade?

 

J.Gonçalo – Comecei a praticar futsal no G.R.Vilaverdense com 15 anos de idade como Juvenil e também um ano como júnior. Sei que já foi um pouco tarde, mas depressa aprendi a interpretar todo o jogo. Valeu também os torneios de futsal, onde jogava com os mais velhos e isso ia-me dando “calo” para enfrentar os meus próximos desafios na modalidade.

 

VC – Conta nos como se deu a tua saída do Vilaverdense para a Académica ?

 

J.Gonçalo - Como já foi referido em cima, alguns clubes mostraram interesse em mim. Enquanto júnior no Vilaverdense, a Académica de Coimbra mostrou interesse na minha contratação, mas tal não foi possível, pois eu estudava na Figueira da Foz e era difícil a mudança de clube, por causa das aulas e viagens que teria de realizar entre as duas cidades (cerca de 90 Kms entre ir e voltar), como não era compatível, não aceitei. Quando acabei o 12º ano, surgiu de novo o convite do clube acima referido, para jogar nos seniores, aceitei de imediato. A Académica na altura disputava a 2ª divisão nacional e permaneci lá a jogar durante 3 anos. Foi sem dúvida uma grande escola de aprendizagem e fiquei triste quando o clube acabou para a modalidade.

 

VC – A tua saída da Académica, um clube que competia na segunda divisão nacional, para o Burinhosa, clube que nessa altura militava na 3ª divisão, não foi um passo atrás na tua carreira?

 

J.Gonçalo - Quando o Burinhosa falou comigo acreditei no projeto que eles tinham planeado para o clube e como tal aceitei, acreditei nesse projeto. Na altura também estudava em Leiria. Continuar na Académica, iria com certeza ser muito desgastante para mim nas deslocações que teria de fazer para treinos e jogos. Por vezes na vida temos de tomar decisões, baseados nas nossas convicções. É verdade que dei um passo atrás, mas hoje todos sabem que estou dois passos à frente. Senti que no Burinhosa e com o Mister Kitó Ferreira, iria evoluir cada vez mais como jogador e como homem, foi um acreditar muito grande de ambas as partes. Os resultados da minha escolha estão à vista e podem ser comprovados, graças a Deus acertei na minha decisão.

 

VC – Conta-nos acerca das lesões que tiveste ?

 

J.Gonçalo - A minha primeira lesão foi no primeiro treino da época, onde fiz uma fratura do 5º metatarso. Estive um mês com o pé imobilizado, com gesso e a fazer recuperação. Voltei a jogar e novamente lesionei-me no pé, pois essa mesma fratura não estava consolidada. Tive de parar, fiz uma cirurgia para resolver o problema, que felizmente correu bem e hoje não me dá qualquer problema.

 

VC – Foi neste período da tua lesão que o Burinhosa lutava para a subida de divisão e consequentemente para o título de campeão da 2ª divisão nacional. Podes contar-nos como viveste esses momentos vendo os teus colegas lutarem por esses objetivos, sem poderes ajudar?

 

J.Gonçalo – Foi muito doloroso, quem jogou ou joga sabe do que estou a falar. Vê-los treinar e jogar sem eu poder ajudar ou contribuir para o sucesso da equipa. Estive sempre presente nos treinos, no balneário e nos jogos a prestar todo o meu apoio possível. Eles ajudavam-me como eu os ajudava a eles, naquilo que podia, e foi essa união que contribui um bocadinho para o sucesso do ano passado. Quero agradece-lhes pelas palavras amigas e de incentivo que sempre tiveram para comigo. Somos uma “família” somos um grande grupo de amigos que luta pelos mesmos objetivos.

 

VC – Estiveste lesionado mais recentemente, fala-nos disso.

 

J.Gonçalo - A minha segunda lesão foi das piores coisas que eu já tive e já passei, uma rotura de ligamentos cruzados e menisco. Foi no primeiro jogo desta época, a meio da segunda parte, torci o joelho. Fiz uma cirurgia que correu muito bem, recuperei e hoje já estou a treinar e tenho jogado alguns minutos para ir recuperando a forma. Sou uma pessoa que não desisto facilmente, tenho vontade, estou focado e tenho fé que daqui para a frente vai correr tudo bem. Quero desde já agradecer aos meus amigos, colegas de equipa, treinadores, à clínica physioclem, fisioterapeutas e família por estarem sempre comigo e por me terem ajudado nesse momento complicado, mas que felizmente já passou. Agora há que trabalhar para voltar ao mesmo nível que estava antes da lesão.

 

VC – Já chega de falar em azares, vamos agora saber quais os teus objetivos no futsal?

 

J.Gonçalo - O meu objetivo no futsal passa por estar sempre ao mais alto nível, aprender cada vez mais e evoluir tanto como jogador e sobretudo como ser humano. Mas se me perguntares se tenho sonhos? É claro que tenho, como ser um dia campeão nacional da 1ª divisão, representar a nossa seleção nacional, sentir o peso e significado de vestir a nossa linda camisola, um sonho que desejaria ver realizado. Quem não gostaria ? Sei que para isso é preciso trabalhar arduamente e ser competente todos os dias. Nunca irei baixar os braços, vou continuar a lutar pelos meus sonhos e objetivos.

 

VC – Quais os objetivos do Burinhosa para esta época?

 

J.Gonçalo - Os objetivos da equipa para esta época já foram alcançados. Viemos para a primeira divisão para aprender, para ficar e surpreender se possível e acho que alcançamos todos esses objetivos, ou seja, garantimos a manutenção e classificamo-nos para os play-offs. Infelizmente não conseguimos passar dos quartos-de-final, perdemos a 40 segundos do fim com o Braga, mas para o ano cá estaremos para tentarmos fazer igual ou melhor.

 

VC – Quando representaste as camadas jovens foste alguma vez chamado aos trabalhos da seleção?

 

J.Gonçalo – Representei as seleções distritais em sub16 – sub17 – sub18 e sub19. Fui ainda pré-convocado para a seleção Universitária onde realizei dois treinos, mas não queria acabar por aqui. É um sonho, bem sei, mas irei trabalhar para que um dia possa representar a nossa seleção nacional.

 

VC – O que pensas do nosso futsal atual?

 

J.Gonçalo – O nosso futsal tem evoluído muito, tem crescido muito em qualidade, resultado disso é o excelente trabalho dos nossos treinadores que muito tem ajudado na formação e atitude dos nossos jogadores para a alta competição, como podemos comprovar na última Uefa futsal cup. Uma equipa Portuguesa que se bateu brilhantemente, frente a uma super e poderosa equipa como é o Barcelona. Sabemos que haverá ainda muito trabalho a fazer, mas com certeza que todos juntos iremos conseguir atingir os nossos objetivos.

 

VC – Aceitarias um convite para jogar no estrangeiro ?

 

J.Gonçalo - Sim aceitaria um convite se fosse aliciante , mas neste momento devo muito à Burinhosa pelo apoio que me deram ao longo deste anos, principalmente neste ano devido a minha lesão. Obrigado ao mister Kitó Ferreira e família (equipa) com quem partilho o balneário, por sempre acreditarem em mim e nunca me deixarem cair. No momento certo aceitaria um convite para o estrangeiro.

 

VC – Quem é o João Gonçalo fora do futsal?

 

J.Gonçalo – Sou uma pessoal como tantas outras, com defeitos e virtudes. Tento levar uma vida normal, sou muito brincalhão, amigo do seu amigo e muito simples. Gosto de conviver, conhecer novas pessoas e fazer novas amizades e felizmente o futsal tem me proporcionado tudo isso.

 

VC – Que fazes nos teus tempos livres ?

 

J.Gonçalo - Nos meus tempos livres aproveito para visitar os amigos e a família na minha cidade e sempre que possível assisto a jogos de futsal, pois muitos deles praticam também esta modalidade. Jogo no computador, vejo televisão e saio com os meus amigos.

 

VC – Para terminar. Queres deixar alguma mensagem em especial ?

 

J.Gonçalo – Se me permitirem quero deixar 3 mensagens especificas.
Primeiro, quero agradecer ao patrocionador, direção, treinadores, a todos os meus colegas de equipa da Burinhosa, à minha família e aos meus amigos por me terem apoiado nos momentos mais difíceis da minha carreira e agradecer também por acreditarem em mim.
Segundo, agradecer aos leitores e amantes do futsal pela forma como apoiam a modalidade, que sejam muito felizes e se divirtam a ver todos os jogos. Nunca deixam de apoiar as vossas equipas, para isso contamos com todos para encher pavilhões. Ajudem a fazer crescer esta modalidade que é uma "paixão" de todos nós.
Terceiro e último, deixar um agradecimento muito especial à VC Futsal, pelo excelente trabalho que vem realizando no engrandecimento do futsal a nível nacional. Obrigado aos editores pela oportunidade que me deram por dar a conhecer um pouco de mim. Espero que continuem a divulgar e entrevistar toda a “família” do futsal sem qualquer excepção, como têm vindo a fazer. Uma vez mais, um muito OBRIGADO a todos.

 

 

José Augusto Garcia editor VC Futsal

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