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DESTAK, terça-feira, 3 de Março de 2015

 

VC Futsal viajou novamente ao norte do país, viemos ao encontro de Daniel Filipe Araújo Castro Neves, tem 24 anos, joga a fixo/ala e representa o Rio Ave.

 

 

VC – Daniel queremos agradecer-te a disponibilidade de nos receberes e começo por perguntar-te com que idade tiveste contato com o desporto e em que modalidade?

 

DC - O meu primeiro contacto com o desporto federado foi em 1997, quando tinha apenas sete anos. Tal como era costume nos anos 90, comecei pelo futebol.
Felizmente, com a autonomização e com o crescimento do futsal, este costume será progressivamente abandonado.

 

VC – E o futsal em particular, como foi a tua formação?

 

DC - A minha formação foi – e ainda é – muito sui generis. Contrariamente à generalidade dos atletas da Liga Sport Zone, nunca militei nos escalões jovens do futsal português. 
Contudo, aprendi a modalidade seguindo o exemplo dos muitos jogadores e treinadores com quem tive a oportunidade de partilhar a “quadra” no escalão sénior.
A grande vantagem do meu percurso é ainda estar em formação. Não há um dia em que não ambicione ser melhor e chegar mais longe. Ainda tenho tempo e espaço para crescer.

 

VC – Subiste a pulso as várias divisões da modalidade, conta-nos um pouco da tua passagem pelas divisões inferiores e de que modo esta subida gradual te deu espaço para progredires e te adaptares às novas exigências que te foram postas?

 

DC - Aos vinte e quatro anos, orgulho-me de ter jogado e de ter subido em praticamente todas as divisões distritais e nacionais do nosso futsal. Ora, esta subida progressiva teve duas consequências fundamentais. 
Desde logo, a consequência negativa de ter “recomeçado do zero” e de ter partido em desvantagem comparativa, sempre que cheguei a um novo escalão – desafios sempre superados. 
Por outro lado, a consequência positiva de ter desenvolvido as minhas skills enquanto atleta e de ter mantido algumas características próprias do “futsal de rua”: a agressividade sobre o portador da bola, a imprevisibilidade no drible e a capacidade de gestão dos momentos mais frenéticos de cada jogo.

 

VC – Tens a tua profissão, és advogado, a qual tens conciliado com a vida no futsal, no entanto se surgisse uma grande oportunidade, até onde irias pelo futsal?

 

DC - É uma bênção – e uma maldição – trabalhar no melhor escritório de advogados da Península Ibérica e jogar num dos melhores campeonatos de futsal do Mundo. A possibilidade de suspender a minha carreira jurídica é meramente remota, porque é o binómio escritório-pavilhão que me faz feliz.
Dito isto, nunca “fecharei a porta” a quaisquer convites. Uma boa solução passará sempre pelo apoio da minha família e dos meus amigos, sem os quais conciliar “o fato e a gravata” com “as sapatilhas e a bola” seria pura e simplesmente impossível.

 

VC – Representas atualmente o Rio Ave, clube que tem tido alguns problemas durante a época, que objetivos tem o clube e tu em particular, para o que resta da época?

 

DC - O Rio Ave F.C. é, sem margem para dúvidas, um dos maiores clubes do futsal nacional. Todavia, durante a época 2014/2015, a secção de futsal teve duas direcções, duas equipas técnicas e mais de meia centena de atletas – o que provocou uma instabilidade competitiva sem precedentes.
Felizmente, com a chegada do Mister Adriano Ribeiro – um senhor, a todos os níveis –, o plantel equilibrou-se e a equipa está confiante para alcançar os seus objectivos. Esses objectivos passam, logicamente, pela manutenção na Liga Sport Zone e pelo apuramento para a Final Four da Taça de Portugal.

 

VC – Tens com certeza referências a nível nacional e internacional, queres partilhá-las connosco?

 

DC - As minhas referências na modalidade são indubitavelmente o Mister Jorge Braz e o nosso Ricardinho. 
A minha admiração pelo Mister Jorge Braz ultrapassa o reconhecimento do seu talento enquanto seleccionador: com ele aprendi que a alta competição não compromete necessariamente os valores humanos. 
A minha admiração pelo Ricardinho, que um dia gostaria de conhecer dentro da “quadra”, é muito fácil de entender: por um lado, trata-se de um atleta que, no contexto da sua equipa, desempenha funções análogas àquelas que eu procuro desempenhar; mas, simultaneamente, o Ricardinho desempenha essas funções como nenhum outro as desempenhou. Impressionante!

 

VC- Qual o clube que te deixou mais saudades, Praia Mar Futsal, Barranha SC, Junqueira FC ou GD Farlab. Serias capaz de destacar alguém que tenha tinha uma importância “especial” na construção do Daniel Neves jogador?

 

DC - Essa é uma excelente pergunta. 
Não tenho saudades do Arsenal C.P. – porque ainda me revejo nesse grande clube. Assim, a minha escolha recai sobre o G.D. Farlab, clube em que consegui um lugar de subida à primeira divisão nacional com um balneário heterogéneo e simultaneamente muito forte.
Dentre muitas outras pessoas, as três a quem estou profundamente grato pelo meu crescimento enquanto jogador são as seguintes: desde logo, o Professor Pedro Ferreira, meu amigo e eterno capitão do Praia Mar Futsal; depois, o Mister Maranho Neves, a “velha raposa” do futsal nacional, que acompanhei em duas subidas de divisão e no apuramento para a Final Four da Taça de Portugal de 2014; e a dupla Raúl Castro/Arino, que potenciou a minha performance desportiva e que me abriu as portas do principal escalão do nosso futsal.

 

VC – Representaste a seleção nacional universitária, no último campeonato do mundo de futsal universitário, fala-nos desta experiência?

 

DC - A selecção nacional universitária é isso mesmo – uma selecção. Mas é simultaneamente uma experiência desportiva e pessoal inesquecível.
Nunca esquecerei as três semanas de trabalho com os Misters Jorge Braz, Pedro Palas e José Luís Mendes. Nunca esquecerei a aprendizagem contínua com alguns dos futuros talentos do nosso futsal – o Tiago Brito é já hoje um deles. Nunca esquecerei a união do grupo e o orgulho em vestir a “camisola das quinas”.
Apesar de não termos conseguido uma medalha, já trabalho a pensar no Mundial Universitário do Brasil. Em 2016, a nossa selecção estará mais forte. E porque também eu estarei mais forte, não escondo a ambição de contribuir activamente para uma campanha de sucesso.

 

VC – Ambicionas representar a seleção nacional principal?

 

DC - Os cerca de 70.000 atletas federados sonham, um dia, chegar à selecção principal. No meu caso, essa ambição só será legítima se melhorar – e muito – certos aspectos da minha performance desportiva. Antes de sonhar, quero trabalhar.

 

VC – Vou dar-te uma novidade, foi inventada a “máquina do tempo”, dá uma espreitadela e diz-nos o que vês para o Daniel em 2025?

 

DC - Em 2025, antevejo um Dani ligado ao futsal, mas com um projecto bem diferente.
De facto, a longo prazo, o meu objectivo passa por conciliar a prática jurídica com o desporto. Nesse sentido, espero ajudar o futsal através da prestação de assessoria jurídica aos vários players desta indústria, bem como através da assunção de responsabilidades que potenciem o crescimento sustentável da modalidade.

 

VC – A nossa entrevista terminou, mas desafiava-te a deixares umas palavrinhas aos nossos leitores da VC Futsal?

 

DC - Aos leitores da VC Futsal – um projecto de reconhecida qualidade –, gostaria de deixar duas palavras. Uma palavra de agradecimento, por acompanharem esta publicação exclusivamente dedicada ao futsal. Um palavra de incentivo, para que eles próprios pratiquem a modalidade e encham os nossos pavilhões.

 

VC – Obrigado.

 

 

Paulo Rosa editor VC Futsal

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